Artes Marciais versus Roupa – A Batalha Final

Oi, gente, tudo bem com vocês?

Esse é o meu primeiro post no Acorda, Bonita! e estou feliz por ele incluir vários assuntos que podem servir como espécie de uma apresentação minha à vocês.

Na minha concepção, o Brasil está para o Japão assim como o Japão está para o Brasil para os japoneses, e isso é inteligível em diversos âmbitos, mas principalmente o cultural.

O povo do Brasil – não podendo generalizar, infelizmente – é inovador em variadas formas e de formas impressionantes para quem não é daqui, o que é até meio estranho para nós, que vemos isso de forma natural. Assim tento imaginar também como deve ser meio vergonha alheia pro Japão não sermos (o resto do mundo), em nossa maioria, intelectualmente equivalentes aos seus entendimentos gerais sobre a vida, a existência e tudo em geral.

Talvez pela própria distância geográfica, que contribui para sua vanguarda fisicamente temporal, o Japão nos surpreende constantemente – como por exemplo, sabendo se vai chover daqui a 12h -seria legal se fosse verdade -; mas o que mais me atrai em toda essa conversa é como nos surpreendem apenas desconstruindo e embaralhando de novo as mesmas coisas até que as vejamos de diferentes de formas, por um diferente ponto de vista, mostrando que com as mesmas ferramentas, não precisamos perpetuar a chatice.

Agora, segue esse raciocínio, vem comigo aqui e vê esse vídeo:

 

Analisando o início acho que já entendemos o interesse pela simetria na edição de imagem com o rítmo do som da trilha; mas foram além, e não editaram a imagem, só trocaram a roupa do modelo – um careco (no masculino porque é um homem).

As roupas são de uma marca, que vende etc, mas – relevando esse assunto simples e desinteressante como compra-venda, escambo e produção, exploração – continuemos nossa jornada analítica.

A própria logo já faz uma bagunça cerebral com o espectador, uma leve brincadeira com os alfabetos existentes, tipo o cirílico, da Rússia e adjacências, onde brincam aqui ser tudo ao contrario talvez por esse N que usaram na cutucada cerebral amena que já percebemos com o vídeo pausado, e dependendo de onde você pausa, dá pra ver a intenção ficção-científica-futurista no minimalismo total, desde o preto e branco até os nomes/códigos, que não formam palavras fonéticas como conhecemos tradicionalmente.

Tudo leva você a acreditar na modernidade, no contemporâneo, no prafrentex, no 12h de vanguardice; a própria trilha do Byetone lançada pela raster-noton (que por sua vez, já incrementa o mexido com vários alemães na panela musical da distribuidora).

Modernos.

Aí você vai vendo e o careco não é completamente careco ainda, tem um cabelo ali que resiste, e branco; o que demonstra sua idade, obviamente, mas que antes disso representa o tempo passado e o tempo vivido por ele e começa a dar forma a todo o conceito do vídeo.

Demonstrando o estilo ninja das vestimentas que não chamam a atenção e são bastante funcionais com bolsos inovadores e adaptações inventivas, o vídeo mostra isso em todos os ângulos ao mesmo tempo lado a lado com a imagem divida em 4 partes (frente, costas, esquerda, direita) fazendo uma brincadeira também com o tempo-espaço.

Na análise das roupas também percebe-se uma mesclagem dos tecidos em posições pensadas para a funcionalidade das peças de forma também não-convencional e mais uma vez mostrando o valor da desconstrução.

 

acronymjutsu4

 

Na meiuca do vídeo entra uma cena que quebra o clima de forma seca pra obrigar você a prestar atenção porque não é hora de dormir: em japonês, o rapaz se apresenta para a outra pessoa de forma tradicional, demonstrando que modernidade não é “ser doidão e andar de patins sem rodinha!”, modernidade é entender tudo de uma forma melhor do que já viram no passado e aprender com o que já existe além de criar o novo.

 

acronymjutsu1

 

A educação e o respeito das artes milenares fazem um contraste muito bonito com o futurismo apresentado até agora e deixam o conceito e o vídeo mais legais ainda.

 

O valor das coisas, além do preço da roupa:

– Bom dia, vim aqui te vender essa camiseta que tem um bolso maneiro, mas com respeito e sem estupro publicitário, e se você quiser ainda aprende alguma coisa mesmo que não queira a camiseta.

– Quero.

 

Paradoxos…

 

Continuando o vídeo, a passagem com clima de um filme de artes marciais das décadas derradeiras do milênio anterior, dá um abraço no conceito e te mostra os finalmentes do vídeo: o Acronymjutsu; o nome da marca + jutsu, um sufixo de diversas artes marciais tradicionais. Os movimentos do modelo ficam sincronizados com o vídeo, com a trilha e agora também formam praticamente uma coreografia baseada nos conceitos da arte da saúde física e auto-defesa.

Ai acaba com ele indo embora e nada aconteceu.

 

Espero que tenha gostado do vídeo e da análise, assim como espero que tenha conseguido expandir a percepção sobre as possibilidades de várias formas.

Lucas Côrtes

One thought on “Artes Marciais versus Roupa – A Batalha Final

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