Can’t Buy me Love (unless you try every single day)

*Isto não é um típico artigo sobre o Dia dos Namorados.

Desde o momento em que o Dia dos Namorados se anunciou (alegrando o comércio e movimentando a maternidade dos chavões), fiquei naquele típico impasse que me acomete antes de datas comemorativas: escrevo ou não sobre o assunto aqui no A,B? Se eu for escrever, como fazê-lo de modo diferenciado? Quem acompanha o site sabe que evito a adoção de frases feitas, caso alguma delas venha a insurgir dos textos, ela veio por mero descaso do acaso o qual conduz nosso pensamento à segurança do lugar-comum. Afinal, recontar contos recitados lá onde nasce os chavões é uma saída quase reflexiva quando a criatividade entra em descanso. E, pelo o que ando lendo/assistindo/ouvindo nos últimos tempos, parece que passamos por um momento de hibernação da criatividade… Mas enfim, isso é tópico para outra conversa.

can't buy me love filme capa cover

Assim sendo assim, ao invés das típicas listas de sugestões de presentes, de compêndios risíveis sobre como agradar o seu amor e baboseiras do gênero, optei por ter dois dedos de prosa com vocês.

*Pausa para digressão
Aliás, convidá-las para dois dedos de prosa e um de cachaça (ou de leite, para quem preferir) vem sendo um dos meus maiores desejos. Realmente quero dividir convosco estes pensamentos tresloucados, exagerados, empanturrados de assuntos não cabíveis apenas em tópicos sobre beleza e resenhas de produtos. Tais pensamentos me consomem e, por certo, também deve lhes consumir. Quero falar sobre as miudezas de nosso dia a dia, sobre arte, sobre livros, sobre música, sobre as paranoias femininas que de tão comuns provavelmente nascem no terreno visinho à maternidade dos chavões. Por isso lhes pergunto: Que tal resenharmos também nosso cotidiano? Vamos por em pauta assuntos além de cabelos, moda e maquiagem? Querem me contar sobre vocês? Querem saber mais sobre mim? Dêem-me seu feedback.

Retornando ao fio da meada…

Dois dedos de prosa – Can’t Buy me Love (unless you try every single day)

Nas últimas semanas propagandas disfarçadas de artigos sobre o dia-dos-namorados transbordaram pela web ao ponto de entupir a retina.

Admito que datas do gênero sejam ótimas desculpas para celebrar, divertir-se, mimar e ser mimado. Quem não gosta de agradar? Quem recusa presentes? Quem deixa passar uma bela oportunidade de fazer algo novo e agradável junto a pessoas queridas?

Contudo, eis que um fator ameaçador entra na equação e desvirtua o jogo: o mal da “obrigação”.

Os adornos do dia dos namorados devem vir como consequência do estar-junto, não como causa motriz. Quando a consequência é tratada como fim, por tabela vêm decepções e cobranças. É exatamente a consequência-como-fim o tema da maioria dos artigos que brotam e abarrotam esta época do ano. São inúmeros textos vendendo produtos e serviços, vendendo felicidades fictícias, vendendo afetos sazonais, vendendo imagens produzidamente montadas, vendendo falsas noções do que é amar e ser amado.

Bom, não sei descrever-lhes o que é o “amar e ser amado” (talvez apenas os poetas saibam – ou nem!), porém sei sentir e, por isso, acredito piamente que presentinhos comprados por imposição de uma data em que a felicidade aparece em estado obrigatório não entrariam na descrição. Aliás, léxicos como “imposição” e “obrigatório” não combinam com algo tão sublime como o afeto sentido pelo outro e, vejam bem, ainda escrevo no patamar do afeto, nem me atrevo a correlacioná-los ao verbo amar.

Amar, Verbo Intransitivo

Quando algum dos “especiais de dia dos namorados” joga-se na falível tarefa de descrever o amor ou (ainda pior) de descrever como amar, fico diabética só de olhar tamanho doce, joguinhos e mela-mela. Não quero dizer que tenho aversão a carinho, pelo contrário. Na verdade, sou viciada! Porém tal vício é suprido com demonstrações de afeto as quais não precisam de data para chegar nem hora para acabar e, as a matter of fact, até prefiro que venham de supetão, repentinamente inesperadas.

Mas eis que começam consultas às listas de sugestões de presentes, demoradas pesquisas acerca de como fazer com que o derradeiro encontro seja inesquecível, infindáveis rituais de beleza, viagens a lojas de lingerie e sexy shops, incontáveis horas matutando perguntas retóricas do gênero “Será que ele(a) irá gostar”, “Como faço para agradar?”, “Será que vai funcionar?” – e por aí vai, ao infinito e além.

Por que fazer coisas assim apenas no suposto Dia dos Namorados?

Se este dia lhe servir de lembrete acerca do quão especial pode ser o relacionamento caso o mesmo seja tratado com tamanha atenção em TODO seu decorrer, se este dia for apenas mais uma desculpa para você caprichar naquilo que já lhe consome ao longo de todo ano, então sim cantarei odes e bradarei vivas ao dia-dos-namorados. Em contrapartida, caso o esforço despedido para fazer com que tal dia seja especial for fortuitamente esquecido ao badalar dos sinos, minha amiga, sinto lhe dizer, há algo de errado acontecendo.

Logo, ponho em cheque uma série de perguntas passíveis de reflexão: Tudo que você preparou veio por vontade sincera de agradar ou por meras imposições sociais? Você verdadeiramente quis tornar este dia especial ou se sentiu obrigado (a) a fazer assim? Seu agrado foi planejado gratuitamente ou você o fez simplesmente por esperar algo em troca? E, above all, a principal questão: todo o decorrer de seu relacionamento é tratado com carinho e atenção aos detalhes ou isso está reservado apenas para datas comemorativas (dia dos namorados, aniversário pessoais e/ou de namoro, etc.)?

beatles gif animado

Talvez você não concorde comigo, mas, quanto a mim, afirmo convicta:
Se for para tentar comprar o meu amor, que assim seja em todos os dias do ano!
Ou, como postulei no título deste artigo: Can’t Buy me Love (unless you try every single day).

 

Beijos Mil, Karina Viega.
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